Tesla tenta dar uma repaginada em seus carros elétricos, mas não está funcionando
Esqueça a Tesla por um momento. Imagine uma empresa anônima com as seguintes características: as vendas de seu principal produto pararam de crescer repentinamente há mais de um ano e caíram 13% até agora neste ano. Seu último grande lançamento de produto foi um fracasso. A empresa reiterou planos para novas versões de baixo custo de seu produto há apenas três meses, e elas não se concretizaram.
O CEO se meteu de cabeça em atividades políticas divisivas que afastaram clientes e, em seguida, arrumou briga com o presidente dos EUA e seu partido. Depois de prometer um novo produto autônomo revolucionário por uma década, perdendo prazos repetidamente, a empresa finalmente lançou um piloto limitado, que não é totalmente autônomo e parece anos atrasado em relação à concorrência.
E você pagaria 140 vezes o lucro da empresa para ter uma pequena fatia disso?
A Tesla Inc. está em apuros. Acabou de reportar outro conjunto terrível de números de vendas de veículos elétricos, mais uma vez ficando abaixo de uma previsão já reduzida. A Tesla agora registrou dois trimestres consecutivos com menos de 400 mil unidades vendidas pela primeira vez desde 2022.

A desculpa dada para o colapso do trimestre anterior, uma paralisação temporária das linhas de produção para atualizar o Model Y, nunca foi muito convincente, e esses números do segundo trimestre agora a desacreditam completamente.
A recente e súbita saída de Omead Afshar, braço-direito de longa data do CEO, Elon Musk , além da notícia de que Musk assumirá a supervisão das vendas na Europa e nos EUA, sinalizam um problema grave.
De fato, a Tesla tinha previsão de registrar um segundo ano de queda nas vendas de veículos elétricos, e essa última perda provavelmente significa mais cortes nas estimativas para 2025.
O problema é que o próprio Musk representa a maior parte dessa situação. Por exemplo, o lançamento do Robotaxi em Austin, Texas (EUA), com todas as suas limitações, representaria um marco para a Tesla se Musk não o tivesse exagerado descaradamente por anos.
A Cybertruck , um fracasso total que desviou a Tesla de projetar veículos elétricos mais baratos para o mercado de massa, é uma ideia de Musk.
Acima de tudo, as incursões políticas de Musk prejudicaram a marca Tesla em mercados-chave e instalaram um governo abertamente hostil aos veículos elétricos e aos subsídios que sustentam o que resta dos lucros da Tesla.
Segmento premium entra em colapso
Os últimos números de vendas confirmam a fraqueza estrutural nos mercados da Tesla. O colapso no segmento premium, que compreende apenas de 5% das vendas unitárias, mas talvez 10% a 15% da receita automotiva, é particularmente impressionante.
É ainda mais impressionante porque essa linha de produtos se expandiu de dois para três modelos com o lançamento da Cybertruck há apenas cerca de um ano e meio.
Em vez de impulsionar o segmento, no entanto, as vendas da própria Cybertruck atingiram o pico cedo, agravando uma queda acentuada nos modelos S e X, ambos lançados há pelo menos uma década.
O segmento premium da Tesla fora dos EUA diminuiu para quase nada nos últimos trimestres. Embora ainda não haja um detalhamento do modelo por geografia para o segundo trimestre, o baixo número geral sugere mais do mesmo.
A maior parte do negócio é composta pelos modelos mais baratos, Model 3 e Y, sendo este último responsável por talvez 70% das vendas de veículos elétricos.
Esse cerne do negócio principal da Tesla também está em sérias dificuldades, com os dois juntos registrando um declínio de 13,5% no segundo trimestre.
Além disso, a Tesla construiu cerca de 23 mil unidades a mais do que vendeu, sendo esse o quinto trimestre de produção excessiva nos últimos oito. Isso sinaliza ainda mais um problema de demanda e adiciona um vento contrário ao fluxo de caixa devido ao capital de giro.
Modelos antigos em mercado de rápida evolução
As atualizações de ambos os modelos nos últimos dois anos não abordaram uma verdade básica: assim como os modelos S e X, são modelos antigos em um mercado em rápida evolução.
Em nenhum lugar, isso é mais evidente do que na China, onde poucos se importam com o relacionamento de Musk com o MAGA (Make America Great Again), mas os motoristas querem a tecnologia mais recente a um preço acessível.
A queda nas vendas da Tesla lá resulta puramente de uma combinação de sua linha de produtos envelhecida sendo superada por uma série de concorrentes que oferecem veículos iguais ou melhores a preços mais baixos.
O recente lançamento do SUV YU7 da Xiaomi Corp., um “assassino” de alta tecnologia do Model Y, exemplifica o desafio.
As ações da Tesla, caracteristicamente, estavam em alta na manhã desta quarta-feira, 3, apesar desses dados inequivocamente ruins. As justificativas para tal euforia estão desmoronando.
A Tesla claramente não está mais preparada para a dominância em veículos elétricos, perdendo participação na China, Europa e em seu mercado doméstico, com a Morgan Stanley estimando uma queda de 8,8% nas vendas da Tesla nos EUA em junho, contra um aumento de 1,7% para os veículos elétricos no geral.
E isso antes do impacto da remoção dos créditos fiscais para veículos elétricos pela maioria republicana que Musk ajudou a eleger.
Em relação à outra grande esperança, a automação, os concorrentes chineses já estão oferecendo como padrão o tipo de recursos avançados de assistência ao motorista que a Tesla vende como opcionais por milhares de dólares.
Isso deixa o sonho do Robotáxi para os EUA - e mesmo lá, o piloto de Austin não chegou a ser grande coisa e foi uma demonstração de que a Tesla tem muito a provar, pelo menos em relação à retórica de Musk.
As ações em alta da Tesla devem tudo a uma percepção persistente, e centrada nos EUA, de liderança tecnológica que não pode ser encontrada nos números reais.
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